O
Limite de Armstrong consiste em uma situação combinada de altitude e pressão
que faz com que a temperatura de ebulição da água caia para 37 °C, igualando-se
à temperatura interna do corpo humano. Assim, uma pessoa sem um traje
pressurizado não sobreviveria em tais condições, pois seus fluidos corporais
simplesmente iriam ferver. Acompanhe:
Imagem: Freepik. |
Durante
a década de 1940, ficou claro que as aeronaves logo seriam capazes de alcançar altitudes
cada vez maiores e, em seguida, o espaço. Para tal, era de extrema importância
saber qual era a altitude máxima na qual um ser humano poderia sobreviver em um
ambiente não pressurizado.
Esse
limite de altitude é alcançado quando a pressão atmosférica é tão baixa que a
água ferve à mesma temperatura do corpo humano (37 °C). Esse fenômeno é
conhecido como Limite de Armstrong, nomeado em homenagem a Harry George
Armstrong (1899-1983), fundador do Departamento de Medicina Espacial do
Exército dos Estados Unidos em 1947.
A
água ferve a 37 °C quando a pressão atmosférica está em torno de um dezesseis
avos da pressão ao nível do mar. Isso ocorre em uma altitude por volta de
18.000 m acima do nível do mar (quase duas vezes a altura do Monte Everest).
Nessas condições, a saliva, a urina e o líquido presente nos pulmões começariam
a ferver.
O
sangue contido no sistema circulatório não seria afetado, então a imagem
popular da vítima morrendo assim que seu sangue fervesse não se concretizaria.
A pressão sanguínea de uma pessoa saudável mesmo em altitudes de 18.000 m é
mais que o dobro do Limite de Armstrong de 6,3 KPa (quilo Pascais).
A
ebulição ocorre quando as moléculas de um líquido têm energia suficiente para
se moverem mais rápido, liberando-se do estado líquido ao qual estavam
confinadas, entrando no estado de vapor.
A
coluna da atmosfera terrestre sobre um recipiente aberto com líquido o
pressiona, contribuindo para que ele permaneça nesse estado. Se a pressão
atmosférica do entorno diminui, então a temperatura necessária para fornecer às
moléculas energia suficiente para se liberarem e mudarem para a fase de vapor diminui.
É
por isso que o ponto de ebulição da água no topo do Everest (8.848 m), cuja
pressão corresponde a 34% da que é verificada ao nível do mar, corresponde a 74
°C, comparada aos 100 °C ao nível do mar.
Existe
oxigênio suficiente para que o organismo de um não fumante funcione normalmente
em altitudes de até 3.000 m acima do nível do mar. Essa região é segura e
denomina-se zona fisiológico eficiente. A privação de oxigênio (hipóxia),
doenças de descompressão e outras situações que oferecem risco de vida ocorrem
entre 3.500 a 15.000 m, sendo essa região perigosa e conhecida como zona
fisiológico deficiente.
O
ar é composto por: 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e 1% de outros gases. A
pressão do ar ao nível do mar é de 101,3 KPa e, por definição, a pressão
parcial do oxigênio no ar ao nível do mar é 21% de 101,3 KPa, que resulta em
21,3 KPa.
A
12.000 m, a pressão atmosférica é muito baixa (19,2 KPa) e a pressão parcial do
oxigênio é 21% disso (4 KPa). Para que seja possível respirar em uma altitude
de 12.000 m, a solução é providenciar 100% de oxigênio por meio de uma máscara,
na pressão existente nessa altitude, 19,2 KPa. Essa é a mesma quantidade de oxigênio
presente no ar em uma altitude de 840 m, o que está dentro da região segura, a
chamada zona fisiológico eficiente.
Acima
de 15.000 m, nem mesmo os aparelhos respiratórios serão suficientes, porque a
essa altitude a pressão é tão baixa que o dióxido de carbono é removido do
sangue mais rápido do que é produzido pelo corpo. Isso faz com que o sangue
fique muito alcalino (alcalose), danificando a delicada estrutura das
proteínas, com um resultado fatal.
Um
traje pressurizado garante que a pressão fora dos pulmões seja suficiente para
permitir a respiração enquanto mantém os fluidos corporais no estado líquido.
Em
1965, durante um teste de laboratório, um traje pressurizado de um astronauta começou
a vazar e ele foi acidentalmente exposto a condições próximas às do vácuo.
Levou
apenas 14 segundos para que ele perdesse a consciência. Felizmente, a equipe
conseguiu providenciar a pressurização antes que fosse tarde demais.
Entretanto, o astronauta descreveu que, pouco antes de perder a consciência, ele
sentiu claramente a saliva em sua língua ferver.
Regulamentos
estipulam que o ar comprimido e condicionado seja fornecido para a cabine de
uma aeronave comercial de forma equivalente a uma cabine localizada em torno de
1700 m de altitude, mas não mais do que 2400 m.
A
pressão da superfície em Marte é 10 vezes menor do que o Limite de Armstrong de
6,3 KPa. Apenas traços de oxigênio estão presentes na atmosfera desse planeta. Mesmo
com equipamentos que fornecem oxigênio, é um pensamento ainda distante que um
astronauta poderia explorá-lo sem um traje pressurizado, uma vez que a morte
ocorreria rapidamente já que os fluidos corporais do mesmo iriam ferver.
Tradução
e adaptação: Professora Manuka.
- Veja também:
Efeitos da altitude no corpo de um alpinista
- Veja também:
Efeitos da altitude no corpo de um alpinista
0 Comentários