Já
se perguntou o que significa a palavra proficiência? E como se faz para ler um
texto com proficiência? É isso que iremos explicar neste texto. Acompanhe:
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O
desenvolvimento tecnológico requer um leitor competente, isto é, um leitor que,
diante de um texto escrito, tenha autonomia suficiente para realizar operações
que vão desde a decodificação da mensagem no seu aspecto literal até o
estabelecimento de um conjunto mínimo de relações estruturais e contextuais que
ampliem a significação do texto a tal ponto que haja, efetivamente, apropriação
da mensagem, do significado na multiplicidade
de relações estabelecidas entre o texto e o leitor, entre texto e textos, entre
texto e mundo.
Ao
se falar na competência de estabelecer relações mínimas de significado, não se
está querendo subestimar a complexidade do ato da leitura. Sabe-se que, por
mais simples que possam parecer algumas relações estabelecidas a partir da
leitura, o número de operações e habilidades exigidas para isso é muito grande.
Além
disso, pressupõe-se também uma relação com o texto que desenvolva no leitor
competências que contribuam para sua maior autonomia diante de qualquer tipo de
texto – e quem sabe, no futuro, diante de qualquer tipo de linguagem – com o
qual se defronte.
O
exercício da leitura, na sala de aula, muitas vezes é prejudicado por falsas
interpretações do que realmente significa ler.
A
má compreensão do que está subentendido no processamento da leitura gerou
práticas calcadas em modismos que enfatizavam processos intuitivos de
compreensão de textos, pelo emprego de mecanismos de verificação, tidos como
procedimentos para a compreensão, que se reduzem a clichês como “O que você
achou do texto?”, ou “Qual a mensagem do autor?”, ou a comparações superficiais
entre o texto e a realidade que cerca o aluno.
Interpretar
identificou-se com abordagens espontaneístas, excessivamente empíricas. Não se
percebeu a insuficiência desses procedimentos para o reconhecimento e a
apropriação de mecanismos de linguagem contextualizados por intenções e
circunstâncias.
Igualmente
não se favoreceu um exercício que estimulasse a compreensão das relações
internas que o texto estabelece em sua tessitura.
Não
se pode esquecer que, para que o texto dialogue com o universo do leitor, é
preciso que esse leitor mobilize conhecimentos
prévios que possibilitem tornar o texto significativo.
Aqui
serão tratados procedimentos descritos como níveis de abordagem do texto (v. BERTIN, Terezinha C. H. Linguagem e apropriação de conhecimentos.
Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo: 2000) ou como níveis de proficiência que o leitor
deve atingir.
Os
níveis de abordagem do texto podem ser assim descritos:
1. Compreensão imediata
Entendimento
literal do texto, constatações, localização de dados e de informações,
compreensão das unidades significativas do texto, reconhecimento da modalidade
de linguagem construída a partir de intencionalidades mais explícitas,
identificação do gênero a que o texto pertence.
Nota-se
com alguma frequência o equívoco de se considerar esta instância óbvia demais e
por isso desnecessária. Reitera-se que é um momento importante, pois, à medida
que aumenta a complexidade dos textos, a atividade de localização de
informações e levantamento de dados torna-se mais necessária. São as questões
mais simples do estudo do texto, mas imprescindíveis.
Muitos
são os alunos que, por não terem desenvolvido essa habilidade, cometem
equívocos primários de leitura e de dedução de significados, inclusive em
outras áreas do conhecimento.
2. Interpretação propriamente dita
Reordenação
das ideias – explícitas ou implícitas – do texto, análise das relações
possíveis entre os elementos que o compõem, relação dos elementos do texto com
os dados do universo do leitor, verificação dos processos discursivos
utilizados – argumentativos, informativos, estéticos ... – percepção das
intenções explícitas e, principalmente, subentendidas, verificação das
inferências realizadas pelo leitor, reconhecimento dos efeitos de sentido
produzidos pelas escolhas composicionais e estilísticas.
Nesse
nível, um dos maiores desafios da prática de leitura é sistematizar com o aluno
a habilidade de estruturar inferências
justificadas e/ou fundamentais nos elementos do texto. Aí reside o
diferencial entre abordagens empíricas, meramente intuitivas, e uma abordagem
que possa levar a uma interpretação consistente do texto.
Essa
instância supõe ainda que o/a professor/a tenha clareza de que a interpretação
propriamente dita é o momento em que a interlocução texto-leitor instiga as inferências possíveis, e não únicas
ou exclusivas. Esse é um dos
aspectos que fortalece a prática de leitura como prática essencialmente
dialógica.
3. Extrapolação e crítica
Recriação
do texto com outros propósitos, possível “leitura do mundo”, posicionamento do
sujeito-leitor perante o texto, a partir das interpretações realizadas;
apreciação crítica do texto e dos propósitos que presidiram a sua concepção.
Em
uma reflexão sobre a prática de leitura que não pode ser esquecida a intertextualidade,
sem dúvida um dos momentos mais ricos do diálogo leitor-texto.
O
exercício da intertextualidade é também condição para o desenvolvimento pleno
da prática da proficiência em leitura.
Extraído
de:
- Veja também:
ENEM: O que não escrever na introdução da sua redação
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