A
luz faz parte do nosso dia a dia, mas temos dificuldade de descrevê-la ou
defini-la. Seria ela uma onda ou uma partícula? É isso que iremos discutir.
Acompanhe.
Imagem: Freepik. |
A
luz atravessa as paredes, mas retarda até parar quando atravessa gases ultra
frios. Carrega informação eletrônica para rádio e TV, mas destrói a informação
genética das células.
Ela
se desvia quando toca construções e atravessa um buraco deixado por um prego,
mas ricocheteia quando atinge pequenos elétrons.
Embora
saibamos que, a princípio, a luz é o oposto da escuridão, a maior parte do seu
espectro não é visível aos nossos olhos. Desde ondas de rádio de baixa
frequência até raios gama de alta frequência, a luz está ao nosso redor,
ricocheteia quando nos toca ou até mesmo nos atravessa.
Por
ela ser tantas coisas ao mesmo tempo, definir a luz é quase um dilema
filosofal. Devido a essa questão, ela continua nos surpreendendo a cada
descoberta de novos materiais que afetam sua velocidade e trajetória de
maneiras inesperadas.
Será que a luz é uma onda?
O
que os raios X, as micro-ondas e as cores do arco-íris têm em comum é que todos
são ondas – ondas eletromagnéticas para ser exato. Os meios em que se propagam
não são materiais, como água ou ar, e sim uma combinação de campos elétricos e
magnéticos.
Esses
campos flutuantes exercem força sobre partículas carregadas – às vezes fazendo
com que elas sejam sacudidas para cima e para baixo, como bolhas no oceano.
O
que as separa em várias formas de luz é o seu comprimento de onda. Os nossos
olhos são sensíveis à luz com comprimento de onda entre 750 nanômetros
(vermelho) e 380 nanômetros (violeta), sendo que um nanômetro equivale a um
bilionésimo do metro, ou ao tamanho de uma molécula.
Entretanto,
o espectro visível – que pode ser visto através de um prisma – é apenas uma
pequena fração de todo o espectro eletromagnético. O comprimento da luz abrange
desde centenas de milhas para uma onda de rádio longa até um milionésimo de
nanômetro para raios gama.
A
energia da luz é inversamente proporcional ao comprimento de onda. Dessa forma,
raios gama são um bilhão de bilhões mais energéticos do que ondas de rádio.
Ou seria a luz uma partícula?
A
história não é feita só de ondas. A luz é composta de partículas chamadas
fótons. Esse fato é mais facilmente observável em luzes com alta energia, como
os raios X e os raios gama, mas também se aplica às ondas de rádio.
Um
clássico exemplo da qualidade de partícula da luz é o efeito fotoelétrico, no
qual ela atinge uma folha de metal, fazendo com que os elétrons voem para fora
de sua superfície. Surpreendentemente, a luz com um comprimento de onda maior
do que determinada medida não consegue liberar elétrons, não importando o quão
brilhante seja sua fonte.
Uma
teoria restrita sobre a luz não pode explicar tal princípio do comprimento de
onda, uma vez que ondas muito longas deveriam acumular a mesma energia total de
que ondas bem curtas.
Albert
Einstein decifrou esse mistério em 1905, assumindo que as partículas de luz iam
de encontro aos elétrons, como bolas de bilhar ao se chocarem. Somente
partículas com comprimento de onda curto são capazes de dar um pontapé forte o
bastante.
Apesar
desse sucesso, a teoria das partículas nunca substituiu a teoria das ondas, uma
vez que somente as ondas podem descrever como a luz interfere em si própria
quando atravessa duas fendas.
Teremos,
então, que conviver com a luz sendo tanto uma partícula quanto uma onda – às
vezes agindo tão dura quanto uma rocha e às vezes tão suave quanto um sussurro.
Físicos
retificam a personalidade dividida da luz, pensando em termos de feixes de
onda, que se pode imaginar como um grupo de ondas de luz que viajam juntas como
partículas em um feixe estreito.
Produzindo um espetáculo
Ao
invés de nos preocuparmos com o que a luz é, seria melhor nos concentrarmos no
que ela faz. A luz agita, torce e impulsiona as partículas carregadas (como os
elétrons) que residem em todos os materiais.
Essas
ações da luz são específicas de cada comprimento de onda. Ou, para sermos mais
específicos, cada material responde somente a um conjunto particular de
comprimentos de onda.
Usemos
uma maçã como exemplo. Ondas de rádio e raios X a atravessam diretamente,
enquanto que a luz visível é barrada por várias moléculas da maçã, as quais
absorvem a luz como calor ou a refletem de volta.
Se
a luz refletida entra em nossos olhos, irá estimular os receptores de cor
(cones) que são especificamente “sintonizados” para comprimentos de onda
longos, médios ou curtos.
O
cérebro, então, compara as diferentes respostas de cada cone para determinar
que a maçã reflete a luz “vermelha”.
Veja
agora outros exemplos de atividades específicas da luz:
- Ondas
de rádio de uma estação local fazem com que os elétrons livres de uma antena de
rádio oscilem. Eletrônicos sintonizados com a frequência da estação (ou
comprimento de onda) podem decodificar o sinal oscilante em músicas ou
palavras.
-
Um forno de micro-ondas aquece a comida de dentro para fora porque as
micro-ondas penetram no alimento e fazem suas moléculas de água vibrarem. Essa
oscilação molecular gera calor.
- Ao
ficarmos próximos a uma fogueira, a luz infravermelha faz com que as moléculas
de nossa pele vibrem, aquecendo-nos. Da mesma forma, nós perdemos calor quando
essas mesmas moléculas emitem luz infravermelha.
- A
luz do sol, muitos comprimentos de ondas visíveis e ultravioleta são ausentes
ou escuros. Essas “sombras” ocorrem devido à captura de fótons pelos átomos, tais
como hidrogênio e hélio, que compõem o sol. A energia capturada dos fótons é
usada para impulsionar os elétrons dos átomos de um nível de energia para o
outro.
- Um
raio X de um esqueleto é possível devido ao fato de que o raio X atravessa os
tecidos moles, mas é bloqueado pelos ossos densos. Entretanto, mesmo que
estejam somente atravessando, os raios X e os raios gama ionizam as moléculas
ao longo do caminho, isso significa que eles roubam elétrons das moléculas. As
moléculas ionizadas podem danificar o DNA das células direta ou indiretamente. Algumas
dessas alterações genéticas podem desencadear o câncer.
Tudo
o que foi apresentado nos mostra que a luz apresenta várias formas de manipular
a matéria. Talvez, essa dualidade se encaixe com o fato de que a verdadeira
definição de luz – seja ela onda ou partícula – ainda seja um pergunta sem
resposta.
Texto:
Live Science.
Tradução e adaptação: Professora Manuka.
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