Os
alimentos consumidos pelas pessoas e pelos animais possuem em sua composição
variadas proporções de energia armazenada em sua estrutura química. Quando
comemos, eles são fracionados, absorvidos pelas células e passam por reações e
transformações. Acompanhe:
Imagens: Freepik. |
A
partir dessas mudanças, a energia é liberada e assimilada pelo organismo. Essa
energia é usada nas funções vitais do corpo humano.
O
valor energético dos alimentos é simbolizado pelas calorias neles contidas. Por
definição, uma caloria (1 cal) equivale à quantidade necessária para elevar em
1°C a temperatura de 1 grama de água.
Usualmente,
a grandeza de expressão da quantidade de energia contida nos alimentos é a
quilocaloria (1 kcal = 1.000 cal), que pode ser representada, também, pela
sigla Cal, com “C” maiúsculo (muito utilizada pelos nutricionistas).
Entretanto, esse símbolo causa confusão e vem sendo abandonado. Uma
quilocaloria (1 kcal, ou 1Cal) equivale a 4,18 kj (quilojoules) de energia.
Uma
pessoa utiliza cerca de 33 kcal por quilograma. Assim, um indivíduo com 70 kg
deve consumir aproximadamente 2.310 kcal por dia. Atividades físicas extras
provocam a queima de porções maiores de energia que o habitual.
As
principais substâncias que fazem parte da nossa dieta são açúcares, proteínas,
gorduras, água e sais minerais, sendo que os grupos mais importantes no
fornecimento de energia são os carboidratos, gorduras e proteínas.
As
gorduras englobam os óleos e as gorduras vegetais e animais. Os carboidratos
são, basicamente, os açúcares, presentes nos alimentos principalmente na forma
de glicose, frutose, sacarose, maltose e lactose. Já as proteínas são compostos
orgânicos, como a carne. Há também as enzimas, que são proteínas responsáveis
por aumentar a velocidade das reações químicas que acontecem no corpo humano.
Na
digestão, os carboidratos, as gorduras e até as proteínas passam por processos químicos
em que são reduzidos. As substâncias resultantes são absorvidas pelas células
do organismo e reagem com o oxigênio, gerando gás carbônico (CO2),
água (H2O) e energia.
De
acordo com apurações em laboratório, a queima de 1 kg (quilograma) de gordura
pura libera cerca de 9.000 kcal (9.000 Cal), enquanto o processamento de 1 kg
de açúcares ou de proteínas gera algo em torno de 4.000 kcal (4.000 Cal).
Definição de entalpia
Entalpia
é o conceito global de energia (em forma de calor) existente em um sistema
termodinâmico. Representada pela letra H, a unidade de expressão da entalpia é
o joule (J), de acordo com o Sistema Internacional. O fluxo de energia que
ocorre nas transformações é avaliado pela Termodinâmica (ramo da Física que
estuda os efeitos das mudanças de temperatura, pressão e volume dos sistemas),
com base no conhecimento acumulado sobre o comportamento das energias, de
acordo com um conjunto de princípios ou leis da Termodinâmica apuradas em
experimentos.
A
primeira lei da Termodinâmica, por exemplo, estabelece que a energia do
Universo é constante, não podendo ser criada ou destruída. Assim, num
experimento de reação química, toda a energia envolvida será trocada entre as
substâncias e/ou liberada para o meio que envolve o experimento.
Calculando a variação de entalpia
Apesar
de não ser possível calcular o valor de entalpia das substâncias (H), a
variação de entalpia (ΔH) equivale à
quantidade de calor que pode ser medida nas reações químicas em um sistema. Temos,
portanto: ΔH (variação de entalpia) = Hp
(entalpia dos produtos) – Hr (entalpia dos reagentes).
Por
esse princípio, é possível saber se a reação liberou calor (exotérmica, onde Hp
< Hr, gerando um ΔH negativo) ou
absorveu calor (endotérmica, onde Hp > Hr, gerando um ΔH positivo). Recorrendo ao exemplo apresentado
anteriormente, uma reação química exotérmica terá uma variação de entalpia (ΔH) negativa:
C2H6O(l)
+ 3O2(g) à 2CO2(g) +
3H2O2(l) + 1.369 kJ.
Como
Hp < Hr, temos que o ΔH será negativo:
ΔH = - 1.389 kJ.
Já
no outro exemplo, de reação endotérmica, haverá variação de entalpia (ΔH) positiva:
C(s)
+ 2S(s) + 79,5 kJ à CS2(l)
Como
Hp > Hr, temos que o ΔH será positivo:
ΔH = + 79,5 kJ.
Para
concluir, equação termoquímica é a forma utilizada para representar uma equação
química, sempre se considerando as condições de temperatura e pressão
presentes, o estado físico dos componentes, as variedades alotrópicas e a
variação de entalpia. Dessa forma, uma reação de carbono (C) e oxigênio (O2)
formando gás carbônico (CO2) pode ser representada de seguinte
forma:
C(grafite)
+ O2(gasoso) à CO2(gasoso),
cujo ΔH = - 393,3 kJ/mol de CO2
(a 25 °C e 1 atm).
Dificuldade de emagrecer x forma que o
alimento vira energia
Por
que uns parecem viver permanentemente em regime de greve de fome e ainda assim
perdem todas as batalhas contra a balança? E por que outros se deliciam, sem
sentimento de culpa, com uma porção extra de torta de chocolate e ainda assim
permanecem esbeltos?
A
Medicina tem uma tonelada de respostas para dúvidas desse gênero, mas os
cientistas não estão satisfeitos com o que sabem.
O
segredo da constância de peso num indivíduo saudável está na constância de
certa quantidade de gordura no corpo. Sob a forma de gordura, o tecido adiposo
armazena 95% das reservas energéticas do organismo. Os outros 5% são supridos
pelas reservas de glicogênio – um derivado da glicose – existentes no fígado e
no tecido muscular.
Para
manter constante o peso, o organismo deve, portanto, gastar tudo o que ganha
por meio dos alimentos. Se todos gastassem por igual, a questão se resolveria
com uma simples operação aritmética: gordos seriam aqueles que comem mais do
que precisam, e magros, os que comem menos.
Mas
há situações em que a fisiologia desarruma a lógica. No caso dos magros que
comem muito e dos gordos que se alimentam muito mal, o problema não parece ser
o que entra em forma de alimento, mas o que sai em forma de energia.
As
reações bioquímicas que ocorrem nos processos de digestão, absorção e
armazenamento dos nutrientes são extremamente complexas, mas todas estão a
serviço de uma nobre causa: o organismo deve manter o seu equilíbrio
homeostático. Isto é, precisa conservar o seu meio interno constante, ao mesmo
tempo em que gere suas economias. O corpo humano é um modelo de avareza: tudo o
que sobra do processo de digestão dos alimentos será transformado em gordura e
em glicogênio.
Fontes:
Ciências
da Natureza – Química 2/Abril Coleções. – São Paulo: Abril, 2010.
SUPERINTERESSANTE, 5/1989, adaptado.
- Veja também:
Como seria se ninguém precisasse mais comer?
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