A
origem da vida está diretamente ligada a um elemento químico muito especial: o
carbono (C). É ele que justifica a existência dos compostos orgânicos, em razão
de sua extraordinária capacidade de reagir com outras substâncias e formar
complexas cadeias moleculares.
Imagens: Freepik. |
Na
Terra, os compostos orgânicos são produzidos pelos organismos vivos a partir de
seu surgimento por aqui. Constituem-se de átomos de carbono misturados a outros
elementos.
Fora
do nosso planeta, eles nascem de reações químicas entre átomos que são
expelidos por algumas estrelas – principalmente – as mais frias. O fenômeno já
aconteceu no Sistema Solar antes da formação dos planetas, mas hoje ocorre com
mais frequência fora dele.
Uma
das fábricas desses compostos é a estrela Betelgeuse, na Constelação de Órion,
situada a cerca de 309 anos-luz da Terra. Ela emite partículas que se espalham
numa região maior do que a órbita de Plutão. Essas micro pedrinhas podem ser
feitas de silício, ferro e até grafite, um cristal de carbono.
Quando
o grafite tromba com átomos de hidrogênio, que também são lançados pela estrela
o tempo todo, as duas substâncias podem reagir, resultando em moléculas
orgânicas simples, como o metano, além de alguns álcoois e açúcares, mais complexos.
Sabemos
da sua existência porque emitem luz. “Cada substância tem o seu sinal
particular no espectro luminoso, tal como se fosse uma impressão digital”,
compara o astrônomo Augusto Damineli, da Universidade de São Paulo. Além do
metano, já foram identificados cerca de cinquenta compostos orgânicos no
espaço. Os cientistas estimam que podem existir muitos mais.
De
acordo com a teoria da evolução dos elementos químicos, o carbono seria
originário do hélio (He), que, por sua vez, teria origem do hidrogênio (H). Ao
surgir, ele teria sido a base dos primeiros compostos orgânicos, como o metano.
No
contato com o hidrogênio e com o vapor de água, os compostos orgânicos deram
origem às primeiras moléculas complexas, os aminoácidos – que, por sua vez, se
combinaram em moléculas cada vez maiores e mais complexas. Surgiram então as
proteínas. Essas substâncias foram essenciais para que a vida surgisse e se
desenvolvesse em nosso planeta.
Assim,
Química e Física estão na base da origem de outra ciência, a Biologia.
Esquematicamente, podemos representar essa evolução da seguinte forma:
...
H à He à C à metano à aminoácidos à proteínas à
vida...
A
Química Orgânica é justamente a Química dos compostos de carbono, que têm em
comum características particulares, como a combustibilidade.
O
termo Química Orgânica foi cunhado pelo sueco Torben Olof Bergmann em 1777.
Acreditava-se, então, que os compostos orgânicos não poderiam ser reproduzidos.
Essa teoria foi derrubada pelo químico alemão Friedrich Wöhler, que, em 1828,
promoveu a síntese da ureia, um composto orgânico produzido com a excreção de
urina.
Ele
o fez promovendo a reação de três compostos inorgânicos (isto é, de origem
mineral) – o cianeto de chumbo (II), a amônia e a água – submetidos a calor.
Um
dos mais conhecidos químicos da história, o francês Antoine-Laurent de
Lavoisier (1743-1794) concluiu que todas as substâncias provenientes dos
animais possuíam carbono em sua composição.
Assim,
a partir do experimento de Wöhler, o campo da Química adotou uma nova divisão
para os compostos orgânicos: os naturais, que são aqueles encontrados na
natureza, como os provenientes do petróleo (hidrocarbonetos), dos vegetais
(clorofila e celulose) ou dos animais (ureia e hemoglobina, por exemplo); e os
artificiais, que são produzidos pelo ser humano, como os plásticos e os tecidos
sintéticos.
Uma
reação que presenciamos eventualmente ajuda a perceber a presença do carbono
nos compostos orgânicos. Ao produzirmos caramelo para elaborar doces, aquecemos
o açúcar, cuja base é a sacarose [C12H22O11(s)].
Ao fazermos isso, produzimos carvão, que é uma das formas mais recorrentes do
carbono. Veja a reação descrita a seguir:
Δ
C12H22O11(s)
à 12C(s) + 11H2O(v)
Outra
fonte muito importante de compostos orgânicos é o petróleo. Na sua composição,
há uma mistura complexa de muitas substâncias, com predominância dos
hidrocarbonetos. É a partir do petróleo que fabricamos importantes compostos
orgânicos.
Atenção:
existem algumas substâncias que têm o carbono em sua composição, mas que não
são consideradas compostos orgânicos. É o caso, por exemplo, dos gases monóxido
de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2), classificados como
substâncias inorgânicas.
Existe vida fora da Terra?
Por Celso Miranda e Eduardo Dorneles Barcelos
A
possibilidade de que não estejamos sozinhos no Universo conquistou a ciência,
que atualmente mobiliza um tremendo aparato de investigação na busca de formas
de vida extraterrestre, inteligentes ou não, localizadas no Sistema Solar ou
entre as estrelas. Essa pesquisa ganhou, com o passar dos anos, consistência e
um nome próprio: exobiologia. E, embora ainda não tenha tido êxito em encontrar
vida fora do nosso planeta, vem envolvendo um número maior de cientistas e
instituições de pesquisa.
A
primeira dificuldade da exobiologia é definir o que estamos procurando. Quem
aposta na Seti (Search for Extraterrestrial Intelligence, ou Busca por
Inteligência Extraterrestre), por exemplo, procura por nossos duplos espaciais
– culturas que desenvolveram tecnologias de comunicação interestrelar.
Então,
a resposta seria: buscamos vida inteligente. Pois é, a dificuldade já começa
aí: precisamos saber o que é vida. Embora essa possa parecer uma questão banal,
os cientistas ainda não conseguiram elaborar uma definição do fenômeno
biológico de aceitação universal.
Apesar
da falta de consenso, alguns fenômenos caracterizam um ser vivo: a realização
de metabolismo, a capacidade de se reproduzir e a existência de um limite que
separa o organismo do meio circundante.
Em
nosso planeta, a vida desenvolveu-se a partir de água no estado líquido e de
compostos químicos baseados no carbono. Seria isso um acaso ou a base de um
fenômeno universal? Será mera casualidade que a biota (conjunto de sistemas
vivos) esteja fundamentada em um meio aquoso e as moléculas, no carbono?
Talvez
não. A Astronomia e a Química já determinaram que a água é uma molécula
largamente distribuída no Universo e que o carbono tem uma grande capacidade de
ligação com outros átomos. Por isso, a maioria dos exobiólogos acredita que o
padrão biológico daqui é universal e será encontrado em outros mundos.
No
entanto, é bom que se diga que a possível identidade química com outra forma de
vida não implica uma aparência nem remotamente semelhante. Como as mutações não
seguem um plano, as formas de vida extraterrestre podem ser bem diferentes da
nossa.
Fontes:
Ciências
da Natureza – Química 2/Abril Coleções. – São Paulo: Abril, 2010.
SUPERINTERESSANTE,
3/2000, adaptado.
SUPERINTERESSANTE,
12/2003, adaptado.
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