O
princípio de funcionamento das pilhas e baterias é um troca-troca de elétrons
entre dois compostos químicos que acaba por transformá-los em outras
substâncias. Acompanhe:
Imagens: Freepik. |
A
diferença entre baterias e pilhas é que, no primeiro caso, a reação é
reversível – isto é, os elementos podem voltar ao estado original. Nas pilhas
comuns a metamorfose é definitiva.
As
baterias de celular usam óxidos de níquel e de cádmio. O segundo tem uma
tendência a arrancar elétrons do primeiro. Depois de algum tempo, tanto um
quanto o outro viram substâncias diferentes – o cádmio metálico e o dióxido de
níquel.
Quando
a energia acaba, aplicando-se uma corrente elétrica no níquel, é possível forçá-lo
a devolver os elétrons ao cádmio. Aí, as duas substâncias se recompõem e ficam
prontas para reagir de novo.
Seria
ótimo se toda pilha também pudesse ser assim. “Mas os metais usados nas
baterias são caros demais”, explica o químico Atílio Vanin, da Universidade de
São Paulo. As pilhas comuns são feitas com zinco metálico e dióxido de
manganês, minerais mais baratos e abundantes.
Entretanto,
o tipo de reação que ocorre entre eles é irreversível. A única solução é jogar
a pilha fora. A bateria, por sua vez, é renovável porque seus componentes
químicos são reversíveis, ao contrário da pilha.
Qual a composição de uma bateria?
Uma
bateria de celular é composta de óxido de cádmio (CdO) e óxido de níquel (NiO).
Os elétrons partem do cádmio para o aparelho e voltam para o níquel. Quando o
vaivém termina, os dois óxidos viram novas substâncias: o cádmio metálico (Cd)
e o dióxido de níquel (NiO2). Um dia, a bateria descarrega.
Para
recarregá-la, aplica-se eletricidade no níquel. A corrente força o metal a
devolver elétrons ao dióxido de cádmio. Assim, as substâncias se recompõem e
reiniciam o processo.
Qual a composição da pilha?
A
composição química da pilha é diferente. Nela, os elétrons saem do zinco
metálico (Zn) e retornam para o dióxido de manganês (MnO2).
Quando
o dióxido de manganês para de receber elétrons, ele se estabiliza e vira um
óxido misto de zinco e manganês. Não há força capaz de fazê-lo devolver os
elétrons ao zinco.
Conheça os vários padrões de pilhas e
baterias
Existem
diversos tipos de pilhas e baterias (que são armazenadores recarregáveis de
energia). Conheça a seguir os principais:
Pilhas comuns
Também
conhecidas como pilha seca ou Pilha de Leclanché (inventada em 1865 pelo
engenheiro francês George Leclanché), é formada basicamente por invólucro
externo de zinco (polo negativo), contendo uma “solução” eletrolítica, composta
de uma pasta úmida de cloreto de amônio (NH4Cl), cloreto de zinco
(ZnCl2) e dióxido de manganês (MnO2), e, ao centro, um
bastão de grafite.
A
pasta úmida serve como polo positivo da pilha. A diferença de potencial (ou
ddp, que é a capacidade de gerar energia) produzida pela pilha comum é
equivalente a 1,5 volts (V).
Pilhas de mercúrio
Trazendo
em sua composição o mercúrio (Hg) e o zinco (Zn), podem ser miniaturizadas, e
por isso têm aplicação em pequenos equipamentos eletrônicos, como relógios de
pulso. Em razão da presença de mercúrio, um metal altamente tóxico, seu uso vem
sendo banido. Sua recarga é impossível.
Pilhas de óxido de prata
Utilizam
como reagente o óxido de prata (Ag2O), sendo o zinco (Zn) usado na
composição do ânodo. Tem preço de produção mais elevado que o dos demais tipos
de pilha em razão da presença da prata, especialmente. Não podem ser
recarregadas.
Acumuladores de chumbo (baterias
veiculares)
O
acumulador de chumbo é mais empregado no sistema elétrico de veículos, em
função das suas características de capacidade, durabilidade e baixo valor de
produção. Trata-se de um sistema de pilhas formado de eletrodos de chumbo,
sendo este o ânodo, e de óxido de chumbo IV (PbO2) impregnado de
chumbo (Pb), formando o cátodo, ambos inseridos em uma solução de 20% de ácido
sulfúrico (H2SO4).
As
pilhas estão dispostas em série para haver a somatória de seus ddp (que são de
2 V cada). Essas baterias são recarregáveis, pois um sistema elétrico que
inclui gerador ou alternador movimentado pelo motor a combustão do veículo
provê eletricidade à bateria.
Baterias de níquel-cádmio
Também
conhecidas como baterias alcalinas. O ânodo é composto de cádmio (Cd); o
cátodo, de hidróxido de níquel III [Ni(OH)3]; e o eletrólito é
formado por uma solução de hidróxido de potássio (KOH). São mais utilizadas em
aparelhos eletrônicos que consomem mais energia, como câmeras digitais ou
filmadoras. As reações são expressas da seguinte forma:
Cd + 2OH- à CdO + H2O + 2e- ânodo
2 Ni(OH)3 + 2e- à
2 Ni(OH)2 + 2 OH- cátodo
--------------------------------------------------------------------
Cd
+ 2 Ni(OH)3 ⟺ CdO + 2 Ni(OH)2
+ H2O
Apesar
de sua eficiência e capacidade de receber inúmeras recargas, a presença do
cádmio é prejudicial ao meio ambiente quando esse tipo de bateria é descartado.
Por isso, vem sendo substituída por baterias de hidreto metálico de níquel
(NiMH).
Baterias de íons de lítio (Li-Ion)
Trazendo
em sua composição íons de lítio, essas baterias recarregáveis vêm sendo
largamente utilizadas, especialmente em telefones celulares e notebooks.
Têm
maior capacidade de armazenar energia do que as baterias de hidreto metálico de
níquel e as baterias de níquel-cádmio, além de outras vantagens, como o fato de
não possuírem efeito memória (ao contrário dos outros dois tipos, que perdem
capacidade de recarga caso sejam recarregadas antes de esgotada sua carga).
A pilha mais velha do mundo
Fonte: Imagens públicas do Google. |
Por
Carlos Brazil
Escavações
arqueológicas lideradas pelo alemão Wilhelm Konig, realizadas nos anos 1930, em
Khujut Rabu, região próxima a Bagdá (Iraque), possibilitaram a descoberta de
uma série de objetos que teriam sido utilizados por povos mesopotâmicos há
cerca de 2.000 anos.
Entre
esses aparatos, estava um pote de argila em formato cilíndrico de cerca de 13
centímetros de altura, com uma rolha no alto, vedando no seu interior uma barra
de ferro dentro de um cilindro de cobre.
Inicialmente,
os arqueólogos acreditavam tratar-se de um objeto dedicado ao uso religioso. No
entanto, a curiosidade dos pesquisadores foi mais longe e permitiu que
percebessem ali os elementos básicos de uma pilha moderna, desenvolvida somente
nas primeiras décadas do século 19.
Reproduzindo
um modelo semelhante à Pilha de Bagdá, com os mesmos elementos do objeto
encontrado por Konig, a professora norte-americana Marjorie Senechal percebeu
que, quando colocada uma solução ácida (como vinagre) dentro do pote, as barras
de ferro e o tubo de cobre realizam uma reação química entre si, gerando
corrente e produzindo uma carga elétrica que pode variar entre 0,8 volt e 2
volts (as pilhas atuais geram 1,5 volts).
Assim,
é possível que os povos mesopotâmicos tenham inventado a pilha quase 2000 anos
antes da descoberta moderna. No entanto, não se sabe ao certo se a capacidade
de gerar eletricidade da Pilha de Bagdá tenha sido, de fato, empregada.
Fontes:
Ciências
da Natureza – Química 2/Abril Coleções. – São Paulo: Abril, 2010.
SUPERINTERESSANTE, 7/2000, adaptado.
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