Por que vemos miragens no deserto, nos polos e em quedas d’água?

Quem já teve a impressão de ver uma miragem quando viajava de carro em um dia quente ou ouviu falar de miragens no deserto? Esses fenômenos não são exclusividade de filmes e desenhos animados, eles ocorrem na vida real e têm explicação. Acompanhe:

Imagem: Freepik.

Em locais muito quentes, como é o caso dos desertos durante o dia, as camadas de ar que estão mais próximas da areia têm densidade menor do que as camadas de ar afastadas.

Isso faz com que essas camadas também apresentem um índice de refração ligeiramente menor em relação às camadas mais frias e mais afastadas da superfície.

Como consequência, os raios de luz provenientes de um objeto na superfície sofrem sucessivas refrações entre as camadas de ar até que, nas camadas mais baixas, ocorre a reflexão total.

A luz que atinge os olhos do observador, proveniente da reflexão total, produz a sensação de imagem virtual do objeto.

De fato, o observador vê o raio de luz vindo do objeto; porém, como ele vêm de uma direção “anormal”, nosso cérebro interpreta a imagem do objeto como sendo refletida por uma superfície de água.

Dessa forma, o observador tem a impressão de que a superfície da areia está coberta de água.

Essa também é a explicação para o fato de vermos poças d’água quando viajamos por uma rodovia em dias muito quentes.

Essas poças nada mais são do que a reflexão total do céu e das nuvens que se encontram no horizonte.

Miragens nos polos

Imagem: Feepik.

Já explicamos por que vemos miragens no deserto. Porém, também é possível verificar a ocorrência de miragens em regiões frias.

Nesse caso, o solo gelado faz com que as camadas de ar próximas e eles sejam mais frias e mais densas do que as camadas mais afastadas.

Nessa situação, as camadas mais densas apresentam índices de refração maiores em relação às camadas mais elevadas.

Dessa maneira, os raios de luz, provenientes de um objeto na superfície, ao atravessar as camadas de ar mais densas para as menos densas, vão se afastando da normal até que ocorra a reflexão total.

Assim, um observador vê o objeto posicionado no solo e a sua imagem situada acima dele, aparentemente no céu.

Ilusão em quedas d’água

Imagem: Freepik.

Esse efeito experimentado pelos olhos é conhecido como “efeito cachoeira” e não deve ser entendido como fenômeno óptico, mas como uma ilusão de óptica provocada pela fadiga de alguns neurônios.

Quando ficamos olhando diretamente para a cachoeira, os neurônios responsáveis pela captação dos movimentos para baixo ficam fadigados, devido ao excesso de atividade.

Assim, quando desviamos o olhar de uma região onde não há movimento, projeta-se uma falsa imagem de movimento para cima, já que os neurônios especializados na capação dos movimentos para cima trabalham normalmente, enquanto os especializados na captação dos movimentos para baixo apresentam resposta mais fraca.

Fonte:

FILHO, Benigno Barreto; SILVA, Claudio Xavier. Física aula por aula: mecânica dos fluidos, termologia, óptica. São Paulo: FTD, 2010, 1ª ed. 

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