Capa do livro O Olhar de Azul. Fonte: imagens públicas do Google. |
O
livro nos apresenta Azul, uma jovem que foi vítima, com um ano e nove meses, da
poliomielite, mais conhecida como paralisia infantil, doença que destrói as
células da medula espinhal e leva à perda de movimentos.
A
personagem vive em um hospital e é acompanhada por sua mãe. A pólio afetou os
músculos da caixa torácica, por isso precisa respirar com a ajuda de aparelhos.
Azul diz que as pessoas foram abandonando-a pouco a pouco, inclusive seu pai.
Mesmo
com esse cenário desanimador, ela não se deixa abater. Ao contrário,
encontramos uma pessoa cheia de ideias, conhecimentos de diversas áreas como
geografia e francês e muita personalidade.
A
própria diz que não gosta de ser alvo da piedade dos outros e fuzila com o
olhar qualquer um que se atrever a ter dó dela, pois é um ser vivo, “bem vivo”,
nas palavras dela.
Embora
não possa sair do hospital, Azul viaja com a mente, vai até bosques encantados,
lagos de cristal, cachoeiras e colinas ensolaradas. A imaginação a leva para
lugares que suas pernas não podem levar.
Além
de imaginar, ela gosta de pintar – usando a boca. Colocando a paleta próximo ao
rosto e usando a tela em branco para dar vazão aos sentimentos, inclusive de
amor.
Amor?
Essa é uma das reflexões que Azul nos traz: é possível amar uma pessoa nas
condições dela? A pergunta gera sofrimento na personagem, mas não a impede de
tentar conhecer pessoas.
Como
ela as conhece? Através de chats na internet. Já chegou a namorar virtualmente
por meses. Também mantém amigos virtuais. Ela diz que prefere o ciberespaço a
gente que faz comentários maldosos sobre ela ser um peso para sua mãe.
Os
amores de Azul deixaram a barreira virtual quando ela conheceu um médico novo
no hospital, pelo qual se apaixonou perdidamente. Médico esse que tenta
falar-lhe de esperança ou, ainda, lança-lhe olhares de piedade.
Essa
relação para o médico foi apenas profissional, mas para a protagonista foi uma
experiência intensa. A certa altura, ele não apareceu mais, mas ela não se
deixou abater por isso. Sofreu, claro, mas continuou obstinada.
Obstinada
com o quê? Com a vida, com as próximas experiências que teria, com os próximos
sonhos e com os próximos amores.
Além
da narrativa de Júlio Emílio Braz, as ilustrações de Rogério Borges nos ajudam
a entrar mais ainda na trama. O livro traz também a reportagem que inspirou o
autor a criar a obra, uma leitura tão emocionante quanto a estória.
- Veja também:
Resenha do filme Gaby: Uma História Verdadeira
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