Resenha: O Olhar de Azul – Júlio Emílio Braz

O livro O Olhar de Azul foi publicado na Coleção Deu no Jornal, na qual um grupo de 6 escritores se baseou em notícias de jornais para criar suas narrativas. Acompanhe:

Capa do livro O Olhar de Azul. Fonte: imagens públicas do Google.

O livro nos apresenta Azul, uma jovem que foi vítima, com um ano e nove meses, da poliomielite, mais conhecida como paralisia infantil, doença que destrói as células da medula espinhal e leva à perda de movimentos.

A personagem vive em um hospital e é acompanhada por sua mãe. A pólio afetou os músculos da caixa torácica, por isso precisa respirar com a ajuda de aparelhos. Azul diz que as pessoas foram abandonando-a pouco a pouco, inclusive seu pai.

Mesmo com esse cenário desanimador, ela não se deixa abater. Ao contrário, encontramos uma pessoa cheia de ideias, conhecimentos de diversas áreas como geografia e francês e muita personalidade.

A própria diz que não gosta de ser alvo da piedade dos outros e fuzila com o olhar qualquer um que se atrever a ter dó dela, pois é um ser vivo, “bem vivo”, nas palavras dela.

Embora não possa sair do hospital, Azul viaja com a mente, vai até bosques encantados, lagos de cristal, cachoeiras e colinas ensolaradas. A imaginação a leva para lugares que suas pernas não podem levar.

Além de imaginar, ela gosta de pintar – usando a boca. Colocando a paleta próximo ao rosto e usando a tela em branco para dar vazão aos sentimentos, inclusive de amor.

Amor? Essa é uma das reflexões que Azul nos traz: é possível amar uma pessoa nas condições dela? A pergunta gera sofrimento na personagem, mas não a impede de tentar conhecer pessoas.

Como ela as conhece? Através de chats na internet. Já chegou a namorar virtualmente por meses. Também mantém amigos virtuais. Ela diz que prefere o ciberespaço a gente que faz comentários maldosos sobre ela ser um peso para sua mãe.

Os amores de Azul deixaram a barreira virtual quando ela conheceu um médico novo no hospital, pelo qual se apaixonou perdidamente. Médico esse que tenta falar-lhe de esperança ou, ainda, lança-lhe olhares de piedade.

Essa relação para o médico foi apenas profissional, mas para a protagonista foi uma experiência intensa. A certa altura, ele não apareceu mais, mas ela não se deixou abater por isso. Sofreu, claro, mas continuou obstinada.

Obstinada com o quê? Com a vida, com as próximas experiências que teria, com os próximos sonhos e com os próximos amores.

Além da narrativa de Júlio Emílio Braz, as ilustrações de Rogério Borges nos ajudam a entrar mais ainda na trama. O livro traz também a reportagem que inspirou o autor a criar a obra, uma leitura tão emocionante quanto a estória.

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