O
livro Pretinha, eu? Fala sobre situações de racismo que ocorrem em um colégio
“de elite”, no qual nunca ouve uma aluna negra antes.
Capa do livro Pretinha, eu? Fonte: imagens públicas do Google. |
O
autor desse livro, Júlio Emílio Braz, traz em suas obras temáticas que nos fazem
repensar nossos conceitos, envolvendo uma temática social. Inclusive, há outra
resenha de um de seus livros no blog, podendo ser conferida no link abaixo:
A
história nos apresenta Vânia, uma aluna nova no tradicional colégio Harmonia,
frequentado pelos filhos da alta sociedade. O que isso tem de mais? O fato de
Vânia ser a primeira aluna negra e isso despertar reações racistas por parte de
algumas alunas.
Ela
havia ganhado uma bolsa de estudos no colégio, cedida pelo professor
Epaminondas, devido pai dela trabalhar na casa dele.
Logo
que Vânia chegou começaram os apelidos: pretinha era o mais repetido. Mas isso
não a abalou. Ela mostrou ser muito dedicada e logo se tornou a melhor aluna da
sala, o que despertou o ciúme de Carmita, que proibiu sua turma de amigas de se
aproximar dela, ao mesmo tempo que resolveram implicar com a menina.
A
protagonista logo começou a fazer amigos e não andava mais só, o que causava
mais e mais piadinhas do grupo de Carmita. Certa vez, elas descobriram que
Vânia só andava de casaco por ter dois buracos grandes bem debaixo da manga do
uniforme.
Decidiram,
então, esconder o casaco dela quando o tirasse para trocar seu uniforme pelo
uniforme de educação física. Quando a menina chegou na sala sem o casaco,
Carmita fingiu entregar um caderno para Vânia, que quando esticou os braços,
revelou os buracos.
Carmita
gargalhou muito e mostrou para a sala toda, envergonhando muito a colega, que
passou alguns dias sem aparecer no colégio por causa da brincadeira mau gosto.
Com
tantas maldades praticadas pela turma de Carmita, Bel, que fazia parte do
grupo, começou a se sentir mal com o que era feito. Ela não tinha nada contra
Vânia e tinha pele negra, embora mais clara. Isso a fazia se perguntar se ela
também não era “pretinha” como Vânia.
Esse
questionamento que aparece no título do livro “Pretinha, eu?” É feito por Bel
em vários momentos, embora sua mãe, uma mulher branca casada com um homem
negro, reforçasse que a filha era moreninha.
Ela
percebeu também que no álbum de família havia mais fotos dos parentes de sua
mãe do que de seu pai, e que ele ficava desconfortável quando se tocava nesse
assunto.
Após
a Volta de Vânia, Bel resolveu falar com ela, fato que despertou a ira de
Carmita, que disse que já não eram mais amigas.
Chegou
a época da Festa Junina e dessa vez a professora escolheu Vânia para ser a
noiva junto com Humberto. Esse papel antes era de Carmita, que não aceitou a
troca e ficava resmungando em todos os ensaios, desqualificando a colega o
tempo todo.
No
dia da apresentação, quando Vânia estava arrumada e com o vestido de noiva,
Carmita propositalmente esbarrou nela segurando um cachorro-quente cheio de
molho, sujando todo o vestido.
Vânia
não aguentou a afronta e deu um soco em Carmita. Mesmo com o vestido sujo, ela
decidiu que iria dançar. A turma deles ficou com o segundo lugar na quadrilha,
mas a professora Renata dizia que eles foram vencedores.
Após
esse episódio, na casa de Bel, seu pai a chamou para colar mais fotos de seus
parentes no álbum de família. Ele disse que estava se preocupando com muitas
coisas e esquecendo o principal: a família.
De
volta ao colégio Harmonia, os professores entraram na sala de e disseram que
haveria uma aula diferente: sobre discriminação. Vânia observou que lá não
havia um professor negro e que esse fato talvez se devesse à tradição elitista
do colégio, que constrangia os profissionais, que não enviavam seus currículos.
Carmita
e sua turma ainda importunavam Vânia e Bel, mas as duas apenas ignoravam.
Segundo elas, não vele a pena brigar com socos e palavrões. Às vezes o silêncio
é melhor para não se estressar.
Bel
agora não ligava para os comentários chamando-a de pretinha. Segundo ela:
“Pretinha, eu? Não tô nem aí.”
Meu pensamento sobre o livro
Essa
obra mostra o quanto o preconceito está enraizado em nossa sociedade, como na
casa da Bel, em que a própria mãe não aceita que a filha seja negra, chamando-a
de moreninha.
Vemos
também o pensamento de grupos (turma da Carmita) que acham que espaços elitizados,
como o tradicional colégio em que estudam, não devem ser frequentados por
pessoas negras.
Vemos
também insultos racistas velados de brincadeiras e vemos a personagem Vânia
tendo que engolir muita coisa para não perder a bolsa de estudos, além de ser
boicotada, como na festa junina.
Esses
fatos são apenas uma pequena parte do que ocorre diariamente com muitas
pessoas. Creio que devemos, primeiramente, respeitar o outro como gostaríamos
de ser respeitados e parar de reproduzir atitudes racistas contidas em piadas e
ditados como “negro de alma branca”, que era dito pela mãe de Carmita.
Além
disso, parar de delimitar espaços. Como se os trabalhos braçais devessem ficar
só para um grupo e os trabalhos intelectuais só para outro. Devemos estimular
as pessoas a desenvolver seu potencial e não ridicularizá-las e sabotá-las como
Carmita fazia.
Por
fim, achei uma leitura muito válida. Quem tiver a oportunidade de ler, só tem a
aprender com esse livro.
2 Comentários
Adoro esse livro!
ResponderExcluirAcho muito legal que mesmo Vânia sofrendo racismo, ela não ligava para isso e, tenho que admitir que se fosse eu ia dar treta... rsrsrsrsrsrs
Também acho a Vânia super paciente com tudo isso. Acho ela uma personagem incrível.
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