“A
faculdade não prepara para a realidade da escola pública, professor não é
espeitado, professor ganha mal, professor adoece, professor é ameaçado ou
agredido, não quero mais ser professor.”
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Quase
todo professor se identifica com alguma das frases que acabei de citar.
Realmente, o trabalho de professor pode ser muito difícil e alguns tem vontade
de seguir outra coisa.
Eu
não julgo quem quer desistir de ser professor. Às vezes o cansaço físico e
mental é tão grande que colegas de profissão têm crises de choro, crises de
ansiedade ou até mesmo depressão.
Diante
disso, muitos pensam em desistir. Creio que cada um sabe onde o sapato aperta e
se a pessoa quer desistir é porque deve ter seus motivos.
Prefiro
alguém que tem a dignidade de buscar um novo caminho do que aqueles que ficam
frustrados em sala de aula e acabem descontando nos alunos.
Quem
nunca teve um professor frustrado? Eu já tive e não é bom para o aprendizado
nem para a saúde mental do professor nem do aluno.
Sei
que o novo assusta, mas nós só temos uma vida, então devemos buscar vivê-la da
melhor forma que pudermos.
A
vida é muito curta para passar um terço dela em um lugar que você não quer,
fazendo algo que você não gosta.
Sem
mais delongas, vamos falar sobre as possibilidades de quem não quer ingressar
na sala de aula.
Essa
primeira parte é indicada se você ainda quer permanecer no ambiente escolar ou
gosta de ensinar. A segunda parte serve para quem quer deixar a sala de aula.
1. Curso de secretariado escolar
O
secretário escolar é o profissional que trabalha na parte burocrática. Faz
matrículas, transferências, organiza documentos, faz ofícios, entre outras
funções.
Geralmente,
é preciso fazer o curso técnico em secretariado escolar, que dura um ano ou um
ano e meio.
É
preciso desembolsar tempo e dinheiro, pois é como se fosse uma especialização.
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2. Psicopedagogia
A
psicopedagogia possibilita trabalhar em escolas, empresas ou em hospitais e
clínicas, mas é preciso verificar antes com a instituição que oferece essa
especialização se o curso contempla essas áreas.
Em
uma escola, o psicopedagogo vai trabalhar as dificuldades de aprendizagem dos
alunos, utilizando jogos, programas de computador ou até mesmo material
reciclado.
Em
empresas, geralmente trabalha diretamente com o público, principalmente em
setores que ofereçam cursos e capacitações para os funcionários, pois sempre é
necessário montar conteúdos, buscar metodologias práticas de ensino para
adultos e auxiliar quem tem dificuldades de aprendizagem.
Em
hospitais e clínicas, geralmente auxiliam crianças com dificuldades de
aprendizagem junto a uma equipe multidisciplinar, buscando alcançar seu
nivelamento com a turma.
Lembra
bastante a atuação em escola e às vezes pode até ser necessário ter contato com
professores desses alunos para montar a melhor abordagem para aquele paciente.
Mais
uma vez temos o gasto financeiro e de tempo. Uma especialização geralmente dura
um ano e meio, às vezes atrasando um pouco mais.
3. Coordenação, supervisão e gestão
escolar
São
cargos que requerem também especialização e trabalham com questões burocráticas
como repasse de recursos, elaboração de calendário escolar, ofícios, notas
fiscais e reuniões com a secretaria de educação.
Esses
cargos geralmente são de confiança, ou seja, você precisa ser conhecido por
alguém da secretaria de educação que vai lhe indicar.
Por
vezes há concursos para esses cargos, mas a maior ocorrência é por indicação.
São
também os cargos com os salários mais altos, o de diretor escolar é aquele com
o maior salário e, se a pessoa indicada para esse cargo já for concursada, aí
entram gratificações por promoção que deixam a remuneração mais encorpada.
4. Trabalho em ONG’s
Muitas
ONG’s trabalham com a parte educacional e contratam pessoas formadas em
licenciatura.
Às
vezes os salários se aproximam aos que são pagos em escolas, com muito menos
“formalismos”.
Nesse
caso, não é necessário elaborar provas, trabalhos, preencher diários ou dar
notas.
Geralmente,
o que se busca nesses projetos é auxiliar os alunos em suas dificuldades de
aprendizagem, usando materiais lúdicos que podem até ser confeccionados junto a
eles.
Às
vezes, o professor gosta de ensinar, mas fica exaurido com tanto trabalho
levado para casa.
Dessa
forma, um trabalho com menos questões burocráticas pode ser aquilo que ele
estava procurando.
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5. Trabalhar na biblioteca da escola
Geralmente
quem trabalha em biblioteca é formado em biblioteconomia. Esse profissional
trabalha em bibliotecas públicas ou de universidades ou em arquivos de
repartições públicas.
Nas
escolas públicas, acontece o caso do professor que é reconduzido para trabalhar
na biblioteca por causa de questões de saúde, as quais foram adquiridas pela
prática em sala de aula.
Nesse
caso, o tempo de aposentadoria aumenta, já que ele não está exercendo a função
de professor.
6. Oferecer reforço ou curso
Uma
conhecida minha trabalhou como professora em escola. Depois de um tempo, ela
utilizou o espaço de uma loja do marido, decorando e colocando mesas e
cadeiras, para fazer seu próprio reforço.
Se
tiver uma garagem ou um espaço na sua casa, você pode optar por dar em sua
própria casa, mas lembre-se de oferecer um ambiente silencioso.
Cobrando
um preço de mercado de acordo com sua cidade, com turmas de 10 ou mais alunos
se quiser, cada turma por uma hora ou uma hora e meia, você pode tirar um bom
dinheiro. E ainda não vai precisar levar trabalho para casa, fazer provas, etc.
O
outro ponto é dar um curso. Se você é formado em inglês ou espanhol, por
exemplo, pode abrir um curso de idiomas.
Nesse
caso, você vai ter que elaborar apostila, fazer provas e emitir um certificado,
pois as pessoas sempre buscam certificados para apresentar em seletivas de
emprego.
Não gosto de ensinar e não quero mais
ser professor
Nessa
segunda parte, temos o caso de pessoas que não se identificaram com a sala de
aula, não gostam de escola e querem mudar radicalmente de área.
O
que eu diria é: vá se preparando financeiramente. Não compre carro ou
apartamento se você não quer permanecer nesse emprego.
As
soluções aqui podem ser a médio e longo prazo, mas o tempo irá passar de
qualquer forma. Então, é melhor usar seu tempo para mudar sua vida.
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1. Fazer um concurso em outra área
Existem
concursos que exigem somente o nível médio em diversos órgãos e pagam três,
quatro ou cinco mil reais.
Claro
que são muito concorridos, mas se você se dedicar a estudar diariamente, pode
acumular o conhecimento necessário para sua aprovação.
Existem
os concursos temporários, que podem render uma boa ajuda financeira nesse meio
tempo.
Algumas
pessoas têm receio de fazer concursos temporários, porém eu indico a
experiência.
Vou
deixar aqui minha visão sobre esse tema e minha experiência no concurso do
IBGE. É só clicar no link abaixo:
Existem
concursos de nível superior que aceitam qualquer curso. Nesses, o salário é
mais alto.
2. Fazer outra faculdade
Aqui
você terá pelo menos mais quatro anos de investimento de tempo e investimento
financeiro.
Recomendo
essa solução para quem tem muita vontade de fazer a segunda graduação, pois
sabemos que a faculdade requer trabalhos escritos, seminários (com todas as
dificuldades de trabalhar em grupo) e cursos, pois temos que apresentar as
horas complementares no final da graduação.
Uma
de minhas professoras de química se formou em medicina. Não me pergunte como
ela conseguiu equilibrar trabalho de professora e três filhos com uma faculdade
de medicina. Ela é minha heroína.
Uma
colega de faculdade é professora durante o dia e faz faculdade de engenharia
civil à noite.
É,
sem dúvida, um processo muito desgastante. Entretanto, se você tem uma vocação
e decidiu que vai mudar de área, invista.
Mesmo
que você faça menos cadeiras na faculdade e se forme com 5 ou 6 anos. O que
importa é que você está trabalhando na solução do seu problema.
Chegamos
ao final desse texto que ficou bem longo, mas espero que tenha ajudado alguém
que estava perdido ou angustiado. Espero que encontre uma profissão que lhe
edifique. Boa sorte.
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