Resenha: Um Garoto Consumista na Roça


Esse livro traz a história de Tino, um pré-adolescente tipicamente urbano que vai passar férias com seu pai em um lugar chamado Bom Jesus de Camanducaia. Acompanhe:

Fonte: Imagens públicas do Google.

Os pais de Tino estão separados. Ele mora com sua mãe, uma diretora de marketing workaholic que arrumou um namorado novo, o Leo. Os adultos estão planejando uma viajem romântica que não inclui o adolescente.

Agora começa a discussão entre a mãe e o pai de Tino, pois essas férias eram del
a e o pai, Caio, um fotógrafo com ideais de ativista ecológico, vai visitar os irmãos em Bom Jesus de Camanducaia, lugar bem diferente da metrópole Rio de Janeiro.

A realidade era que Caio ainda gostava da ex-mulher e não queria ficar com o filho para atrapalhar o romance do casal. O próprio Tino achava seus pais infantis nesse cabo-de-guerra emocional, em que não voltavam a ficar juntos, mas não paravam de brigar.

Na cabeça do adolescente, isso podia ser comparado com amor, mas pensando mais a respeito, uma vida de desentendimentos e jogos emocionais seria amor?

Aprendemos a associar conflitos a amor desde pequenos quando, na escola, se um menino e uma menina brigavam muito, logo diziam: “hum, é amor, hein” ou “vai dar namoro”.

Depois de um jogar o filho para o outro, o pai aceita levá-lo para o interior. Nem precisamos dizer que o jovem vai contra a vontade, pois gosta muito de todos os confortos que a cidade grande lhe proporciona, como lojas de marca e redes de fast-food.

Chegando lá, o avô logo implica com seu brinco na orelha e seus primos implicam com suas roupas de marca. Tino nem percebe que fica falando a marca de todos os seus objetos, o que acaba fazendo-o soar arrogante.

Ele se sente um muito deslocado naquele lugar, com tantos tios e primos, com pensamentos e hábitos tão diferentes dos seus. Durante os passeios, alguns caçoam dele por levar muita coisa na mochila, ou por suas roupas e botas.

Ele tinha uma quedinha pela prima Emilene, mas o irmão dela, Bugrão, era uma fera. Não saia do rastro da irmã e dizia o tempo todo: “com prima não pode”.

Quando Tino decidiu enfrentar Bugrão, foi salvo por seu outro primo, Miguel. Ele era um rapaz solitário e enfrentava muitos problemas familiares. Seus pais brigavam muito, inclusive na frente de terceiros.

Imagem: Freepik.

O pai também era alcoólatra e chegava em casa caindo e o filho é quem ia ajudá-lo a se recompor. Tudo isso pesa demais para um adolescente, que até já falou que odiava aquele lugar.

Tino percebeu que problemas de família existiam em qualquer lugar, interior ou cidade grande. Ele percebeu que isso era o motivo de Miguel ser tão triste, pois crescer em um lar conflituoso não é saudável para ninguém.

Isso fez Tino perceber que aquele lugar não era o paraíso que seu pai achava e que, talvez fosse bom pelas memórias que trazia, mas era apenas um lugar com pessoas e seus problemas.

Mais tarde, numa conversa com tia Penélope, ela o questionou por qual razão ele fala as marcas de suas roupas. Ele disse que é pela qualidade e pelo status.

Ela o questionou se ele vale por aquilo que usa. Isso gerou uma reflexão no jovem, que se sentiu vazio ao pensar no uso apenas pelo consumo e status.

Em uma próxima aventura em família, ao descer o rio com tios e primos, os botes viraram com a correnteza e os apetrechos de Tico salvaram o dia, como seu casaco que não encharcava, sua lanterna e seus bastões de iluminação química.

Depois disso, pararam as implicâncias e Tino resolveu dar uma chance às férias ecológicas. Ele percebeu que os problemas que ele enfrentava com sua família poderiam acontecer em outras famílias.

Percebeu também que pode se divertir com pessoas diferentes dele e que poderia ser mais consciente ecologicamente como o pai, e prometeu preservar os lugares à sua volta. Sem exageros, fazendo apenas sua parte.

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