Quando estou cansada de tudo, fico às vezes me perguntando por qual razão escolhi fazer concursos e se vale a pena continuar nessa árdua jornada. Então decidi fazer um relato de minha experiência, para informas às pessoas se essa vida de concurseiro é para elas ou se devem buscar algo diferente.
No tempo de existência desse blog, além dos posts de
exercícios resolvidos e curiosidades, trouxe algumas experiências que vivi
nessa minha vida de proletária e percebi que muitas pessoas se identificaram e
comentaram. Um desses posts é sobre minha breve experiência como freelancer.
Vou deixar linkado abaixo para quem tiver curiosidade de ler:
Minha experiência: 99freelas, NearJob, textbroker,textmaster e mais
Percebo que isso gerou interesse por ser um relato
sincero e não mais um post pago para falar apenas bem, dando aquela impressão
de vida perfeita, sabe? Acho que as pessoas estão cansadas de muita glamorização
e querem relatos sinceros.
Então, farei a mesma coisa sobre a vida de concurseiro.
Primeiramente, o que
é concurso?
É uma seleção de provas e títulos realizada a nível municipal,
estadual ou federal para que as pessoas ingressem no serviço público. Tá ok,
mas e aí? Qual a diferença do concurso público pro meu emprego?
Quem não é servidor público está na iniciativa privada e
regido pela CLT (ou nem isso, já que muitos são contratados “de boca”).
Fonte: Pixabay |
Teoricamente, o serviço público é mais estável. Não se engane, achando que são só flores, servidores
também podem ser demitidos (não só exonerados, demitidos mesmo, você encontrará
as hipóteses de exoneração e demissão nos estatutos dos servidores dos estados,
dos servidores federais e nas esferas municipais).
Quando se fala em estabilidade, é um estatuto que o
servidor público adquire após três anos de serviço, com avaliações de
desempenho positivas. O grande X da questão é:
- Não ser demitido apenas porque o chefe não foi com a
sua cara
- Não ser demitido por causa de alguma crise financeira
(vide as demissões ocorridas na iniciativa privada com a pandemia)
- Não ser demitida após voltar da licença-maternidade
- Não ser demitido por ficar doente ou se acidentar
Fonte: Pixabay |
Muitas pessoas buscam o serviço público para terem uma
vida mais tranquila, apenas para ter a certeza de que irão continuar no emprego
(claro, se não fizerem nenhuma bobagem) e poderem se planejar para estudar,
viajar, comprar uma casa/apartamento, terem filhos e terem a certeza de que não
serão demitidos por razões irrisórias.
Sabemos que o serviço público não é um mar de rosas,
existem muitas dificuldades, principalmente na área da educação, mas colocando
na balança os prós e os contras, o serviço público acaba ganhando da iniciativa
privada.
Por que você escolheu
fazer concurso?
No meu caso, sempre morei em interior e via que para
conseguir emprego sempre dependíamos de que alguém indicasse, de que conhecesse
fulano, fosse amigo de beltrano e isso me deixava muito frustrada, pois estava
vendo meu potencial sendo desperdiçado e pessoas conseguindo emprego por
parentesco e amizade, sendo que nem tinham formação para o cargo.
Pensei no concurso como um meio mais honesto de seleção. Sabemos
que uma prova em si não decide sua capacidade, mas entrevistas e seletivas têm
critérios muito subjetivos e sabemos que muitos ali já vão indicados por alguém
maior.
Como é a vida de
concurseiro?
É difícil. Não vou romantizar nada para vocês. Os
concursos estão profissionalizados, em muitos você precisa acertar 90% da prova
para passar e isso nem é garantia de ser aprovado.
Fonte: Pixabay |
A lista de matérias é extensa e as questões são
sorrateiras – trocando vírgulas, não por sim, cobrando exceções, trocando regra
por exceção, trocando títulos de artigos, enfim, querendo te derrubar.
Além disso, some-se o cansaço do trabalho e das
atividades domésticas. O cuidado com a saúde mental, a tentativa de fazer
exercício regularmente, comer direito e estudar com material de qualidade e com
atenção para não cair nas pegadinhas da banca.
Nem falei de quem tem filho, já que não tenho, mas
imagino a luta das concurseiras grávidas, puérperas ou mães de crianças pequenas.
Citei as mães porque elas que passam pelo puerpério e amamentação, por vezes
ficando em casa para cuidar do bebê e estudar.
Para você, foi a
melhor escolha essa vida de concurseiro?
Sim. Sou concursada em uma prefeitura de interior com um
salário que não é alto, mas que me garante o básico. Como sou solteira, tenho
conseguido me manter, mas se eu tivesse filho, não seria fácil.
Fonte: Pixabay |
Já vi mulheres que fazem concurso para poderem ser mães,
pois os preços dos alimentos, moradia e saúde só sobem e sabemos que o mercado
de trabalho privado fecha as portas para muitas mães.
Estou no que muita gente chama de concurso-escada ou
concurso-meio, aquele em que conseguimos nos manter no básico das necessidades
enquanto estudamos para um concurso melhor, que muitos chamam de concurso-fim.
Entre o segundo semestre de 2021 e o início desse ano,
fiz algumas provas, mesmo estudando bastante e tendo notas boas, não foi o
suficiente para passar. Não há uma garantia de que se você estudar muito irá
passar, não é uma troca e precisamos lidar com as frustrações.
Quando me pergunto se essa vida de concurseiro ainda vale
a pena, eu penso: eu já estou onde queria? Posso fazer as viagens que eu quero?
Posso pagar um bom plano de saúde? Posso morar de forma confortável? Posso
investir nos meus estudos (sem ser concurso) da forma que gostaria? Consigo
ajudar minha família?
As respostas são não. Eu vejo que o concurseiro é alguém
que quer um pouco mais de dignidade na vida. Só viver seu dia a dia sem medo do
desemprego.
O serviço público não é a solução de tudo em sua vida,
mas é uma forma de viver melhor. Pelo menos para mim. Alguns preferem
empreender ou mesmo gostam de seu emprego na iniciativa privada. Cada um vai
escolher o que é melhor para si.
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